domingo, 12 de fevereiro de 2012

Felizes Juntos - Wong Kar-Wai

Não posso reclamar dos últimos filmes que tenho assistido. As exceções não são suficientes para macular o repertório. Confesso que saber selecionar também é uma arte, modéstia a parte.
Eis que, última sexta-feira, a patroa chega em casa com pouco mais de 10 títulos de uma locadora que frequentamos. Seu sorrisinho maroto não evitou o meu “Jesus Cristo, sua louca”. Acho que uma das coisas mais sábias, dentro do processo de compreensão do universo feminino, é não tentar compreender todo o universo feminino. Os efeitos colaterais são maiores do que os benefícios, acredite. Pedi para ver o acervo. Realmente, a pródiga seleção era além de animadora. Ainda que metade dos filmes jogasse na retranca (Bergman, Fassbinder, Antonioni, Tarkovski, talvez Lynch), havia algumas escolhas mais arriscadas.
Começamos, na mesma noite, por Felizes Juntos, do Wong Kar-Wai, uma indicação do rapaz da locadora. Apesar de já conhecer o diretor, por conta de seu filme “2046”, desconfiei. Nunca aceite uma indicação do cara da locadora, erro clássico, mirim. Às vezes, felizmente, nos enganamos: grande filme! Pra não contar a história toda, o filme aborda a relação conflituosa de um casal homossexual de chineses em Buenos Aires. Ressalvando a representação um pouco estereotipada dos portenhos (ninguém é perfeito), o filme dá show de sensibilidade e beleza. O zelo fotográfico é quase irritante e, entre tangos e milongas, duas composições do Zappa, a magistral “Chunga’s Revenge” e “I have been in you”. Desaconselhável a homófobos, declarados ou enrustidos.